sábado, março 31, 2007


Tricky – Maxinquaye (1995)


A popularidade deste projecto a solo de Adrian “Tricky” Thaw durou tão pouco tempo que acaba por ser difícil explicar nos dias de hoje o porquê da importância deste álbum. Devido aos seus álbuns menos bons lançados posteriormente, o trabalho do antigo rapper dos Massive Attack passou a fazer parte do conjunto daqueles que são catalogados como “cultura pop dos anos 90”. Nos meados dos anos 90, o marcante álbum de estreia dos Massive Attack, Blue Lines, tinha determinado a tendência da música contemporânea da Europa Ocidental. Qualquer inovação a esse respeito (amplamente denominada “Trip Hop”) era esperada com muita expectativa. Ainda mais quando se tratava de um trabalho de um ex-constituinte de tal banda. Essencialmente, Tricky adoptou o estilo de Five Man Army dos Massive Attack, e transformou-o numa atmosfera claustrofóbica e ameaçadora, adicionando-lhe elementos da cultura pop de Bristol. Tem efeitos sonoros, inflexões dub e samples desconcertantes que lembram o drum’n’bass do Oeste. A música é, efectivamente, lânguida e violenta, experimental mas nunca auto-indulgente. Contudo, Maxinquaye contém um toque de rock moderno, transformando o tema «Black Steel In The Hour Of Chaos» num som alt-rock, quando o que imperava na MTV era o grunge. O tom áspero de Tricky, típico de Bristol, continua desconcertante (a sua colega dos Massive Attack , Martine adicionou-lhe a sua voz aveludada no tema «Ponderosa»). Sendo um álbum com laivos autobiográficos, Maxinquaye virou costas a qualquer espécie de hip hop, optando por explorar o filão da paranóia e do ódio. Inovador e provocante, com arranjos majestosos e complexos, o álbum abriu caminho para a música falada na Grã-Bretanha. Por breves instantes, o rap britânico pareceu viável.


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